Dirigente da CUT é indicado por Comitê para integrar a Comissão Nacional da Verdade

16/11/2011

Nome de Expedito Solaney será apresentado junto ao de outros militantes à presidenta Dilma. Anúncio dos nomes que irão compor a Comissão será no dia 10 de dezembro

Escrito por: William Pedreira

O secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, foi indicado pelo Comitê pela Verdade, Memória e Justiça de São Paulo como um dos nomes para integrar a Comissão Nacional da Verdade.

 

Sua indicação acompanha nomes como o de Fábio Konder Comparato (jurista), Frei Betto (escritor e ex-preso político), Clarice Herzog (familiar de vítima da Ditadura), e de outros militantes históricos dos Direitos Humanos, sendo em sua maioria, signatários do Manifesto que buscava a modificação do texto que criou a Comissão.

 

Os nomes apresentados pelo Comitê serão encaminhados à Presidência da República, após manifestação pública, ainda nesta semana. A presidenta Dilma deverá anunciar em 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos, os nomes que irão compor a Comissão. 

 

“O Comitê de São Paulo, após importante debate e em sintonia com os movimentos sociais e outros comitês resolveram de forma correta e inteligente indicar uma lista de nomes à presidenta. Entre eles, tive a grata surpresa e honra de ter sido indicado. Neste sentido, evidentemente, não sou eu pessoa física. Levo comigo o nome da entidade e nossa história de luta para um debate de extrema importância”, sublinha Solaney.

 

A Comissão da Verdade será composta por sete membros designados pela presidenta Dilma com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período entre 1946 a 1988, que engloba os anos da ditadura militar.

 

A indicação de militantes históricos dos Direitos Humanos, comprometidos com a luta pela justiça e verdade, traz consigo um importante objetivo: fazer contraponto aos nomes que estão sendo ventilados pela mídia que representam a mais conservadora e repugnante escória da sociedade. Neste caso, basta citar um exemplo: Marco Maciel, agente da ditadura.

 

”Nossa batalha é para que esta Comissão tenha outro caráter, com amplitude e representatividade para apurar os crimes cometidos pelos agentes da ditadura e seus pares, com condição de alcançar as finalidades almejadas pelos movimentos sociais e grupos de ex-presos políticos e familiares. Além da importância da indicação de nomes comprometidos com esta composição, temos a missão de acompanhar todos os passos desta Comissão. São dois anos apenas para análise, portanto a luta será árdua para que ela não se transforme em um instrumento inócuo”, destaca Solaney.

 

Diferente de países como Argentina, Uruguai e Chile, o Brasil pouco ou nada avançou no que tange a punição aos torturadores. A expectativa dos movimentos é que o governo não decepcione mais uma vez.

 

Nomes indicados pelo Comitê pela Verdade, Memória e Justiça de São Paulo:

Aton Fon Filho, advogado, ex-preso político

Chico Sant’anna, jornalista e professor universitário

Clarice Herzog, familiar de vítima da Ditadura

Expedito Solaney, secretário nacional de políticas sociais da CUT

Fábio Konder Comparato, jurista

Frei Betto, escritor, ex-preso político

Iara Xavier Pereira, familiar de vítimas da Ditadura

João Vicente Goulart, familiar de vítima da Ditadura

José Henrique Rodrigues Torres, juiz de Direito 

Kenarik Boujikian, juíza de Direito

Lincoln Secco, historiador, professor da USP

Lucilia de Almeida Neves Delgado, historiadora, professora da UnB

Marlon Weichert, procurador regional da República em São Paulo

Narciso Pires, Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná

Noaldo Meireles, advogado da CPT da Paraíba 

Stanley Calyl, Associação dos Anistiados do Arsenal de Marinha