A Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) realizou nos dias 28 e 29 de julho o “Seminário Estratégias para la Preservación de la Memória Histórica del Movimiento Sindical”. O seminário em Assunção, Paraguai, foi aberto por Victor Baez, Secretário-Geral da CSA, e Jana Silverman, do Centro de Solidariedade da AFL-CIO, entidade que apoiou o evento.
A primeira mesa com o advogado Martin Almada e a antropóloga Valéria Barbuto foi sobre a preservação da memória do sindicalismo e sua importância na luta por verdade e justiça. Martin Almada é reconhecido internacionalmente por ter localizado em 1992, na cidade de Assunção, o Arquivo do Terror. Este Arquivo é formado por documentos do Exército e da Polícia paraguaia e comprovam a colaboração dos governos ditatoriais da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai na chamada “Operação Condor”, estrutura criada em 1975, para perseguir, prender, torturar, matar e desaparecer com opositores políticos. Valéria Barbuto é diretora do “Memoria Abierta” entidade que recupera, preserva e disponibiliza registros documentais sobre violações de direitos humanos durante a ditadura militar Argentina. Os militares argentinos mataram e desapareceram com mais de 30 mil pessoas, a grande maioria formada por trabalhadores.
A mesa seguinte sobre arquivos e a preservação da memória do sindicalismo contou com a presença do arquivista e historiador Antonio José Marques, coordenador do Centro de Documentação e Memória Sindical da CUT Brasil. Antonio José Marques traçou um breve panorama sobre os centros de documentação que preservam arquivos dos trabalhadores. Também apresentou o CEDOC, o papel que este desenvolve na assessoria da Comissão Nacional da Memória, Verdade e Justiça da CUT e sua importância na organização e preservação dos arquivos e da documentação produzida pela CUT Brasil. O professor uruguaio Rodolfo Porrini também participou da mesa relatando as experiências dos trabalhadores uruguaios na preservação dos seus arquivos e documentos.
A última mesa, coordenada por Milton Cavalo, do Centro de Memória Sindical, contou com a presença dos sindicalistas José Santos Garcia, de El Salvador, Diógenes Orjuela, da Colômbia, e Carlos Mancilla, da Guatemala, que trataram dos crimes contra o sindicalismo e a importância da preservação dessa memória como forma de lutar contra a violação dos direitos humanos. Colômbia, El Salvador e Guatemala são países onde dezenas de sindicalistas morreram assassinados por defenderem os direitos dos trabalhadores.
A coordenação final dos trabalhos foi feita por Laerte Teixeira, Secretário de Direitos Humanos da CSA, que destacou a importância da preservação da memória histórica e a relação que esta tem com o tema dos direitos humanos. Os participantes aprovaram algumas propostas que serão levadas a direção da CSA, entre estas: incentivar as centrais sindicais a preservar os seus arquivos e sua memória histórica; promover minicursos de implantação de arquivos e centros de documentação; ficar atenta para as atividades da OIT no sentido de que seus programas contemplem as questões de gestão dos arquivos sindicais e a preservação da memória sindical; incluir no calendário da CSA o dia 24 de março, quando se comemora o “Dia Internacional para o Direito à Verdade em relação às graves violações dos Direitos Humanos e para a Dignidade das Vitimas”, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear o arcebispo Oscar Romero, defensor dos direitos humanos e assassinado em El Salvador, em 1980.
Por fim, Laerte Teixeira agradeceu o apoio do Centro de Solidariedade da AFL-CIO e encerrou o seminário destacando que o tema dos direitos humanos e a preservação da memória histórica terá grande relevância na CSA no próximo período.
Como atividade complementar do evento, os participantes visitaram o “Museu de las Memorias” no edifício onde funcionou a “Dirección de Asuntos Técnicos”, organismo de repressão, prisão, torturas e mortes durante a ditadura de Stroessner. Também visitaram o “Arquivo do Terror”, que abriga documentos sobre a “Operação Condor”, no “Centro de Documentación y Archivo para la Defensa dos Derechos Humanos”, que funciona na sede da Corte Suprema do Paraguai.
Escrito por CEDOC CUT